Como alinhar missão social e marketing com propósito
- Diogo Martins

- 19 de mai.
- 4 min de leitura

Quando falamos de alinhar missão social e ambiental ao marketing, estamos nos referindo a mais do que campanhas bonitinhas ou posts no Dia da Terra. Esse alinhamento diz respeito a uma integração real entre aquilo que a empresa acredita e aquilo que ela comunica. É fazer com que o posicionamento de mercado seja um reflexo legítimo dos valores, práticas e compromissos assumidos com a sociedade e o meio ambiente.
Esse alinhamento é essencial no contexto atual, em que consumidores esperam mais das marcas do que bons produtos: eles querem propósito. De acordo com uma pesquisa da Accenture (2022), 72% dos consumidores brasileiros preferem comprar de empresas que defendem causas com as quais se identificam. Isso mostra que valores importam — e muito — na decisão de compra.
Por que o alinhamento entre discurso e prática importa?
Em tempos de ESG, greenwashing e social washing, a coerência é uma exigência, não uma opção. As redes sociais tornaram os consumidores mais atentos (e críticos) à forma como as marcas se comportam. Uma promessa não cumprida pode virar crise de imagem em minutos.
Quando uma empresa comunica um propósito, ela está fazendo um pacto com seu público. Se esse discurso não for sustentado por ações reais, a quebra de confiança pode ser devastadora. Por outro lado, quando o discurso é verdadeiro, o impacto é positivo e duradouro: aumenta a reputação, gera engajamento e diferencia a marca no mercado.
Tudo começa dentro de casa: o papel dos colaboradores
Antes de tentar convencer o público externo sobre sua responsabilidade social, a empresa precisa olhar para dentro. Os colaboradores são os primeiros e mais importantes embaixadores da marca. Se eles não acreditam nas ações sociais e ambientais promovidas, dificilmente essas ações serão vistas como autênticas pelo mercado.
O marketing social começa internamente. Não adianta promover diversidade para fora se dentro da empresa há desigualdade. Não faz sentido falar de saúde mental nas redes se os funcionários trabalham sob pressão constante. O cuidado começa na cultura organizacional.
Cultura organizacional: o primeiro passo para a coerência
Cultura organizacional é o conjunto de valores, práticas e comportamentos que definem o dia a dia da empresa. Se esses elementos estão desconectados da missão social declarada, o marketing vai soar vazio.
Empresas que verdadeiramente abraçam um propósito social refletem isso em decisões cotidianas: desde o recrutamento de talentos diversos até a escolha de fornecedores éticos. Não é só sobre grandes campanhas; é sobre coerência nas pequenas atitudes.
Como engajar os colaboradores no propósito da marca
Para que os colaboradores se tornem agentes ativos do propósito, eles precisam ser envolvidos. Aqui vão algumas práticas eficazes:
Treinamentos de sensibilização sobre temas sociais e ambientais;
Espaços de escuta ativa, como rodas de conversa ou pesquisas de clima;
Incentivo ao voluntariado corporativo;
Reconhecimento e valorização de atitudes alinhadas ao propósito;
Transparência na comunicação sobre o impacto social e ambiental da empresa.
Essas ações fortalecem o senso de pertencimento e fazem com que os colaboradores se sintam parte de algo maior.
Comunique com transparência e consistência
Uma vez que a base interna está sólida, é hora de comunicar para o mundo. Mas lembre-se: marketing social não é propaganda. É construção de relacionamento.
A comunicação externa deve ser:
Transparente: compartilhe dados reais, reconheça desafios e erros;
Constante: não seja socialmente responsável só em datas comemorativas;
Dialógica: converse com o público, ouça, responda e aprenda com ele;
Coerente: mantenha alinhamento entre o que se fala e o que se faz.
Uma dica poderosa: sempre que possível, mostre o impacto das ações por meio de histórias reais, com rostos, nomes e contextos. O storytelling humaniza e aproxima.
Evite o social washing: 3 princípios para um posicionamento autêntico
O "social washing" é o equivalente ético ao greenwashing: quando empresas simulam responsabilidade social sem ações concretas. Para evitar cair nessa armadilha, siga estes três princípios:
Veracidade: comunique apenas aquilo que é real e mensurável.
Intencionalidade: as ações devem nascer de um compromisso verdadeiro, não apenas da busca por reputação.
Continuidade: responsabilidade social não é campanha de três meses — é um valor contínuo.
Exemplos reais de empresas que alinham discurso e ação
Natura: além de ter a sustentabilidade como pilar, a empresa também valoriza a diversidade interna, com programas para inclusão racial, de gênero e orientação sexual.
Magalu: o programa de trainee exclusivo para pessoas negras gerou debates, mas demonstrou alinhamento com o discurso de inclusão racial.
Banco Santander: promove programas internos de bem-estar e oferece oportunidades de voluntariado aos colaboradores, fortalecendo o vínculo entre ações internas e externas.
Essas empresas entenderam que o impacto social começa de dentro para fora — e o mercado reconhece esse compromisso.
Checklist prático: como aplicar o marketing social com propósito
Reforce o propósito social da empresa na cultura organizacional;
Treine lideranças para viverem esse propósito no dia a dia;
Crie canais para escuta e engajamento dos colaboradores;
Comunique suas ações com dados e histórias reais;
Evite exageros ou distorções: seja sempre transparente;
Acompanhe métricas de impacto e melhore continuamente.
Conclusão: o marketing social começa com pessoas, não com posts
A verdadeira força do marketing social está na sua autenticidade. E a autenticidade só é possível quando existe coerência entre missão, cultura e comunicação. Antes de pensar em como o público vai reagir, pense em como os colaboradores vivem esse propósito.
Empresas que cuidam de dentro constroem credibilidade fora. E é aí que mora o impacto real.
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Referências:
Accenture. (2022). "Vida com Propósito". Disponível em: https://www.accenture.com/br-pt/insights/strategy/pesquisa-vida-com-proposito
Instituto Ethos. (2024). "O que é responsabilidade social empresarial". https://www.ethos.org.br




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